Valência

Valência também conhecida como cidade das flores, vale bem uma visita, principalmente na altura de uma das festas tradicionais mais importantes de Valência: Festa das Fallas.

Primeiro Dia

Chegámos ao início da tarde ao aeroporto de Valência e fomos buscar o nosso cartão turístico, já encomendado pela net. Este cartão além dos vários descontos que oferece e que podem chegar aos 100%, em museus, restaurantes, lojas, etc., ainda permitia andar de metro e autocarro durante 72 horas sem pagar mais nada. Feitas as contas, compensou-nos bastante.

Como a viagem de metro do aeroporto até ao centro de Valência foi fácil e rápida, permitiu-nos aproveitar um bom bocado do 1º dia.
Saímos na estação de Xàtiva e demos de caras com a Estação de comboios de Xàtiva e ao lado a Praça de Touros. Daqui seguimos a pé até ao hostel que ficava relativamente perto (Abcyou Bed & Breakfast Valencia). Foi a primeira vez que estivemos num hostel e ficámos bastante satisfeitos pois a suite tinha uma decoração  muito jovem e moderna e o atendimento foi muito bom.

Depois de deixarmos as malas, seguimos a pé até ao recém-restaurado Mercado de Colón, já desprovido da sua principal função de mercado, para se converter num lugar de lazer com vários restaurantes, cafés e algumas lojinhas.
Aqui, apanhámos o metro e saímos na estação Aragón, onde se encontra o Estádio de futebol de Valência – Mestalla. Um pouco mais à frente, a partir da estação de metro Amistat, começa uma das zonas mais populares da noite entre os jovens. Como é uma zona com muitas faculdades, acaba por ter várias residências e ser muito procurada pelos jovens.

Aragón, Plaça del Xúquer e Plaça d’Honduras são locais com vários bares e cafés que em dias de futebol se enchem. Decidimos ficar por esta zona, jantámos no El Pato Mareao e depois fomos tomar uma das bebidas típicas de Valência: Água de Valência, uma bebida feita de cava, sumo de laranja, vodka e gin.

Quando passava pouco da meia-noite decidimos regressar e deparámo-nos com um dos grandes problemas de Valência: há poucos meios de transporte durante a noite. As estações de metro fecham cedo e a maioria dos autocarros deixa de circular a partir das 21h ou 22h. Mesmo com o mapa de autocarros não conseguimos encontrar nenhum que fosse compatível com o nosso percurso e que não demorasse imenso tempo, por isso decidimos regressar a pé.

Segundo Dia (Ciutat Vella)

Depois de tomar o pequeno almoço no hostel, apanhámos o autocarro nº 5 e saímos na paragem Guillem de Castro-Na Jordana (os nomes das paragens em Valência, normalmente são os nomes das ruas que se cruzam perto da paragem). A rua Na Jordana situa-se na parte norte-oeste da Ciutat Vella, perto do Passeig de la Petxina e da Puente de les Artes.

Seguimos a pé ao longo da rua Na Jordana e aos poucos fomos entrando no centro histórico da cidade (Ciutat Vella) pelo Bairro del Carmen. O centro histórico é composto por labirintos de ruelas estreitas com uma atmosfera boémia que o caracterizam e o tornam num dos pontos principais da vida nocturna da cidade.

No Bairro del Carmen destaca-se a Igreja e Convento d'El Carmen em plena Plaça del Carmen. O convento foi construído no final do século XV para acolher as freiras clarissas e dado o grande avanço de deteorização, recentemente foi sujeito a um grande restauro para poder alojar o Museu Complexo Cultural de Las Claras.

Seguindo pela Calle de Roteros e chegando quase à praça das Torres de Serranos, encontra-se à esquerda um pequeno museu – Casa de las Rocas, que consiste essencialmente num armazém onde são guardados gigantes, "cabeçudos" e carros alegóricos que saem à rua na altura das festas das Fallas (vou falar mais à frente nesta festa).

Casa de Las Rocas
Casa de Las Rocas

Mais à frente encontram-se as Torres de Serranos, um dos principais marcos de Valência e que consistem numa grande porta construída em 1238 que fazia parte das muralhas medievais defensivas da cidade velha. Subimos à torres e conseguimos ter uma visão alargada da cidade e de todos os pontos históricos da mesma.
Depois de descer seguimos em frente em direção ao Palácio de la Generalitat e seguimos para a Praça de la Virgen.

A Praça de La Virgin e a Praça de La Reina encontram-se lado a lado e são as duas praças históricas mais importantes de Valência. Na Praça de La Virgen encontra-se a Basilica de la Virgen de los Desamparados, a Catedral de Valência também conhecida com "Seu" e a Fonte de Neptuno.

Por trás da Basílica encontra-se a Cripta Arquológica de la Presó de San Vicent Màrtir, construída no local onde a cidade foi fundada pelos romanos, em 138 a.C. Neste local é possível ver algumas das impressionantes ruínas dos banhos romanos, tumbas visigodas e de uma enfermaria medieval construída pelos mouros para as vítimas de pragas. Não chegámos a entrar mas pode ser interessante visitar.

Seguimos para a Praça de La Reina de onde se tem uma excelente visão da Torre del Miguelete, onde se encontra o campanário da Catedral com quase 51 metros de altura e que é um dos símbolos mais importantes de Valência.
Como já eram horas de almoçar, aproveitámos para almoçar num restaurante Italiano (Al Pomodoro), que se encontra numa rua pequenina ao lado do Miguelete. Este restaurante chamou-nos à atenção pelo vestuário dos funcionário (usavam umas t-shirts muito engraçadas) e pelos pratos que tinham um ar delicioso e requintado.

Depois de almoçar descemos a praça de La Reina e virámos em direção à Praça de Santa Catalina onde se encontra a Torre de Santa Catalina, um dos ícones de Valência.
Ainda nesta rua encontram-se 2 horchaterías muito antigas e como tal não podíamos deixar de experimentar uma delas e provar uma Orchata com churros, uma bebida típica de Valência. Depois, seguimos para o Mercado Central passando pela Praça Redonda, uma pequena e antiga praça cercada pelo comércio onde se podem adquirir produtos típicos de Valência.

A beber uma Orchata na Horchateria El Siglo
A beber uma Orchata na Horchateria El Siglo

O Mercado Central estava fechado pelo que não conseguimos entrar mas por fora é bastante bonito. Este mercado é enorme e contém várias bancas de produtos frescos oriundos das hortas plantadas nos terrenos férteis do vale do Túria.

Mesmo em frente ao Mercado encontra-se La Lonja de la Seda, declarado Património da Humanidade em 1996 e que é considerado um dos mais belos edifícios do gótico civil mediterrâneo. Como ainda estava fechado por ser hora de almoço, tivemos de aguardar um pouco.
A sala principal de La Lonja tem 17 metros de altura e é composta por 24 colunas que se abrem ao chegar ao teto como se fossem palmeiras. É bastante bonita mas pessoalmente desiludiu-nos um pouco pois estávamos à espera que fosse muito maior e que tivesse mais coisas para ver.

Depois de sairmos de La Lonja, seguimos pela Calle de Quart em direção às Torres de Quart, idênticas às Torres de Serranos, mas onde é possível ver os buracos provocados pelos canhões da Guerra da Independência.

Continuámos pela Calle de Guillem de Castro e ao longo da rua passámos por vários museus, nos quais não chegámos a entrar. Decidimos entrar no Jardim Botânico, mas na minha opinião parece um pouco abandonado e mal frequentado, por isso não recomendo.

Como já eram quase horas de jantar, apanhámos novamente o autocarro nº 5 no mesmo local onde tínhamos saído de manhã e regressámos ao hostel para tomar banho e mudar de roupa. Depois fomos jantar ao restaurante Mossen Sushi y tapas em pleno bairro de Ruzafa na Calle Cádiz, 35 Bajo. Este restaurante tem essencialmente 2 cozinheiros, um responsável pelas tapas e outro pelo sushi. Neste dia pedimos apenas tapas e gostámos tanto do restaurante que no dia seguinte voltámos para apreciar o sushi.

Depois do jantar apanhámos o autocarro para a Cidade das Artes e das Ciências para ver esta fantástica zona iluminada durante a noite. Regressámos a casa num autocarro noturno cuja paragem ficava mesmo em frente ao L'Umbracle. À semelhança de muitas outras paragens de Valência nesta existia um monitor com o tempo que faltava para o autocarro passar e por isso decidimos esperar um pouco.

Terceiro Dia

Acordámos cedinho para visitar Cidade das Artes e das Ciências onde já tínhamos estado na véspera à noite. Todo este complexo prima pela sua arquitectura e é composto por várias construções:

Hemisfèric – Cinema Imax, Planetário e Laserium. Tem o aspecto de um olho aberto que observa tudo.

Museu das Ciências do Príncipe Filipe – Museu interativo de ciências cujo lema principal é "proibido não tocar".

L'Umbracle – Trilho com plantas selvagens e que conta também com uma galeria de arte com esculturas de artistas contemporâneos.

L'Oceanogràfic – O maior aquário oceanográfico da Europa, com 110.000 m² e com 42 milhões de litros de água.

El Palau de les Arts Reina Sofía – Casa de ópera e de apresentações de arte. Contém quatro grandes salões: Salão Principal, Salão Magisterial, Anfiteatro e Teatro de Câmara.

El Puente de l'Assut de l'Or – ponte que liga o lado sul com a rua Menorca, cujo pilar de 125 metros de altura é o ponto mais alto da cidade.

Para aceder aos vários complexos existem bilhetes combinados que permitem visitar apenas o que quisermos. Optámos por comprar um bilhete que dava acesso ao Oceanário, ao Museu das Ciências do Principe Filipe e ao L'Umbracle, que na altura estava com uma exposição de dinossauros.

Achámos que o Museu das Ciências é um museu mais virado para as crianças e o L'Umbracle também não correspondeu totalmente às nossas expectativas, mas como possui exposições sazonais, podem haver algumas que valham mais a pena. Já o Oceanário é algo verdadeiramente fantástico; passámos aqui quase o dia inteiro e adorámos.

Depois de sairmos do Oceanário decidimos regressar a pé, passando pelo Parque Gulliver que fica relativamente perto do Palau de les Arts Reina Sofía. Este parque além de ser gratuito, também é muito giro principalmente para as crianças. O gigante da história "As Viagens de Gulliver" encontra-se deitado, amarrado com cordas e todas as partes do seu corpo funcionam como escorregas, inclusive o cabelo.

No final do dia fomos jantar novamente ao Mossén sushi & tapas e apreciar o sushi que estava muito bom. Depois de jantar seguimos para a zona histórica, um dos pontos principais da noite de Valência, com imensos bares/discotecas e muita gente na rua. É um local muito agradável para passar uma noite.

Dentro do centro histórico, como as ruas são muito pequenas, não há autocarros, sendo necessário ir até à Praça de l’Ajuntament, uma praça muito bonita e que fica perto de Xátiva.

Quarto Dia

Estivemos quase para visitar o Parque de Cabecera no antigo caudal do rio Turia, mas mudámos de ideias e decidimos explorar melhor a cidade.

Apanhámos o metro, saímos em Facultats e depois atravessámos os Jardines del Real or Viveros em direção ao Museu de Belles Arts. A entrada era gratuita e aproveitámos para o visitar, pois este Museu conta com uma vasta coleção de pinturas e arte sacra.
Depois de sairmos do museu atravessámos a ponte em direção às Torres de Serranos e apanhámos o autocarro em direção à Praça de Tetuán onde se encontra o Convento de Santo Domingo e o Palácio de Cervelló. O Palácio faz parte do ambiente histórico desta praça e atualmente é a residência oficial dos monarcas nas suas visitas à cidade.

Ainda tentámos visitar o Convento, declarado monumento nacional em 1931, mas vedaram-nos as portas e não conseguimos perceber qual a razão.

Daqui seguimos pela Carrer de la Mar para almoçar num dos restaurantes recomendados pela Paella Valenciana, o La Riua e que ficava em frente a outro restaurante do grupo Al Pomodoro. Como ainda não eram 2h da tarde tivemos de aguardar um pouco junto à porta, pois à semelhança de muitos restaurantes em Valência este só abria a essa hora. Apesar de ser muito recomendado pela Paella Valenciana, não achámos nada de especial.

Depois de almoço decidimos apanhar o autocarro e voltar para a zona da Cidade das Ciências e das Artes, mas desta vez o alvo era o Museo Fallero que se encontra do outro lado da rua.
Este museu fantástico tem expostos os vários ninots usados ao longo dos anos na festa das Fallas. Todos os anos, na semana de 19 de Março, a cidade enche-se de gigantescos bonecos de papelão, chamados ninots, para uma competição marcada pela arte, criatividade, bom gosto e muitas vezes pela sátira.

Mais ou menos a 15 de Março as pessoas começam a trabalhar durante toda a noite para erguer mais de 700 estátuas nas ruas da cidade e praças. Estas enormes estátuas podem atingir até 20 metros de altura. Na manhã do dia 16, Valência amanhece com as ruas habitadas por caricaturas e representações satíricas que criticam a política e celebridades e que representam os acontecimentos mais relevantes na atualidade, com um grande senso de humor. Ficámos bastante curiosos com com esta festa e está nos nossos planos regressar a Valência nesta altura.

Depois do Museu ainda queríamos ir até à praia. Olhando para os mapas do metro e dos autocarros, achámos que a estação de metro era muito longe e por isso apanhámos o autocarro. No entanto era preferível termos andado um pouco a pé para apanhar o metro, pois o autocarro demorou imenso tempo, deu muitas voltas e foi necessário trocar de autocarro no meio do que parecia ser um bairro muito estranho. Acabámos por sair perto da Marina Real Juan Carlos I e caminhámos um pouco a pé em direção à Praia Malvarrosa.

Quando finalmente chegámos à praia estava a decorrer um fantástico campeonato de papagaios. As participações podiam ser individuais ou em grupos e as de grupos eram fascinantes pois os diversos papagaios passavam pelo meio uns dos outros e nunca se enrolavam nos fios. Por vezes tocavam no chão onde executavam uma dança para depois voltarem a voar. Ficámos mesmo fascinados com este campeonato.

À noite apanhámos o metro e saímos em Alameda. Neste dia estava a decorrer uma festa tradicional e regional pelo que aproveitámos para jantar numa das muitas barraquinhas que tinham sido improvisadas para a festa. Tanto as mulheres como os homens vestiam-se a rigor independentemente de serem dançarinos ou apenas pessoas comuns que foram à festa. Adorámos esta festa que é muito diferente das nossas festas tradicionais.

Quinto Dia

Voltámos a passear pelas várias ruas da Ciutat Vella e fomos almoçar na Plaza del Reina na Taberna de la Reina, bastante conhecido pelas suas tapas. O seu modo de funcionamento foi novidade pois existe uma variedade enorme de tapas, cada uma com um palito específico. No final da refeição paga-se de acordo com o número de palitos deixados no prato, e de acordo com o tipo de palito, o preço pode variar.

Depois de almoço fomos buscar as nossas malas ao hostel e dirigimo-nos para Xátiva, onde apanhámos o metro em direção ao aeroporto para regressar a casa.

Foram dias muito preenchidos pois ao contrário do que se possa achar a cidade de Valência tem muita coisa para ver. Numa próxima vez queremos voltar na altura das Festas de Fallero que devem ser fantásticas a julgar pelo que vimos no Museu Fallero.