A Croácia esteve sempre no topo da minha lista de destinos a visitar, mas como é um país com tanta coisa para ver e fazer, implicava um bom planeamento e vários dias de férias, pelo que foi ficando para trás.
Finalmente eu e o meu marido conseguimos realizar a viagem, que acabou por se revelar numas das melhores que fizemos até hoje.
A Croácia é um país europeu com a forma de uma ferradura e cujo território continental é dividido em duas partes pelo Porto de Neum, pertencente à Bósnia. Este porto, foi criado para que os habitantes da Bósnia e Herzegovina possam ter um acesso direto ao mar.
A Croácia é banhada pelo Mar Adriático e possui um litoral bastante recortado, com penínsulas, baías e mais de 1 000 ilhas que formam uma paisagem semelhante à da costa grega, mas com menos turistas e um pouco mais barato.
Fazendo um pouco de ginástica com os voos existentes e com os dias de férias disponíveis, decidimos alugar um carro e distribuir os dias de férias por: Zagreb, Zadar, Split, ilha de Hvar e Lagos Plitvice.
A nossa ideia era visitar algumas cidades, mas também termos algum tempo para descansar. O itinerário final foi:
- 1º dia: Porto/Zagreb (com paragem em Amesterdão)
- 2º dia: Zagreb/Zadar
- 3º dia: Zadar/Split/Ilha de Hvar
- 4º-9º dia: Ilha de Hvar
- 9º dia: Viagem para Plitvice
- 10º dia: Lagos Plitvice
- 11º dia: Regresso a Zagreb e voo para o Porto (com paragem em Amesterdão)
Obviamente que há muitos locais que ficaram de fora e que valem a pena, mas tivemos de fazer algumas opções. Dubrovnik foi um desses casos, pois além de implicar uma viagem de carro muito mais longa e serem precisos mais dias de férias, ainda exigia a travessia pela Bósnia (Porto de Neum), acrescendo uma taxa ao aluguer do carro e a necessidade de levar passaporte.
A península da Ístria, no norte da Croácia e onde se encontra a cidade de Pula, também teve de ficar para outra altura.
Dia 1 - Zagreb
Devido ao mau tempo que se fazia sentir em toda a Europa, chegámos a Zagreb com um atraso de 4 horas, prejudicando um pouco os planos que tínhamos para esse dia.
Ainda na zona do aeroporto, fomos buscar o carro, previamente alugado e seguimos para Zagreb. O nosso apartamento ficava na rua Petra Berislavića, muito perto do Parque Zrinjevac e graças à nossa anfitriã optámos por estacionar num parque de estacionamento, a cerca de 3 minutos do apartamento, ficando bem mais barato do que estacionar na rua. Preços do parque: 4 kn/h durante o dia e 1 kn/h à noite.
Depois de deixarmos as malas, saímos rapidamente do apartamento e seguimos para o Parque Zrinjevac e depois para o Parque Ledeni, também conhecido como Ice Park e onde se encontra uma das praças mais bonitas de Zagreb.
A partir desta praça seguimos ao longo da linha do eléctrico passando pelos Jardins Botânicos em direção ao Croatian State Archives. Virámos para norte pela Trg Marka Marulića e chegámos ao Teatro Nacional da Croácia, que abriga a Ópera e o Balé. Ao longe, conseguiamos ouvir a musica a vir de dentro do teatro e só apetecia entrar.
Toda a área que envolve o teatro é lindíssima, principalmente com a luz do sol ao entardecer.
Neste local encontra-se o Museu de Artes e Artesanato e o Museu Mimara, um dos museus mais importantes de Zagreb.
A contrastar com tudo o resto, com um estilo arquitetônico moderno e bonito, encontra-se a Academia de Música, um prédio todo espelhado e com uma cúpula muito colorida.
Demos a volta ao teatro e fomos até ao poço Zdenac života (The Well of Life), uma escultura em bronze e que quase nos passava despercebida.
Entretanto, continuámos para norte em direcção ao Funicular, a forma mais antiga de transporte público na cidade, construído em 1890 e que inicialmente era movido a vapor, mas que atualmente funciona com eletricidade. O Funicular permite subir para o bairro mais antigo da cidade Grič (Gradec ou Gornji Grad), que fica na parte alta da mesma.
No caminho atravessámos a Ilica, uma das ruas mais movimentadas da cidade, com imensa gente a passear, muitas lojinhas e vendedores de milho assado.
Quando chegámos ao Funicular não havia grande fila para entrar, por isso comprámos rapidamente o bilhete por 4,00 Kunas (aprox. 0,5€) e entrámos no funicular. Quando saímos do funicular demos logo com a Torre Lotrscak, uma torre medieval construída na metade do século XIII para guardar o Portão Sul das muralhas da cidade. Pelo que li, todos os dias ao meio dia, desde o sec. XIX, é disparado um tiro num canhão existente numa das janelas da torre.
Este é o local de onde se têm as melhores vistas panorâmicas da cidade.
Mesmo ao lado encontra-se Strossmartre, um longo caminho no meio de um parque, bastante relaxante, com mesinhas e bancos e algumas barraquinhas a vender petiscos e bebidas. Nos dias mais quente, este é um dos locais da cidade com mais animação durante a noite, com música ao vivo, vários tipos de concertos, exposições de arte, etc.
Depois de darmos uma voltinha por Strossmartre, voltamos à Torre e seguimos pela rua lateral da mesma, em direção à Igreja de São Marcos (Crkva sv. Marka). Esta igreja é uma das mais emblemáticas de Zagreb pelo seu padrão de azulejos coloridos representando o brasão da cidade e do país no telhado.
Quando chegámos à praça já era noite e por isso a igreja estava fechada e não se via ninguém na rua.
A partir da praça seguimos pela rua Kamenita até ao famoso Portão de Pedra (Stone Gate). Ainda nessa rua encontra-se a farmácia mais antiga de Zagreb, em funcionamento desde 1355 e que quase nos passava despercebida. Mais ou menos em frente à farmácia, do outro lado da rua, existe um pequeno terraço com uma estátua de um leão (Nelson's Lion) e que representa a vitória na Batalha de Trafalgar.
Quando chegámos ao Portão de Pedra, que mais parecia um túnel, estavam várias pessoas a rezar. O Portão data de 1266 e fazia parte do sistema de defesa para a cidade velha. No seu interior, há uma pequena capela que abriga a imagem milagrosa representando a Nossa Senhora, a padroeira de Zagreb.
Atravessámos a capela e saímos pelo outro lado, tentando chegar à rua Tkalciceva, mais conhecida como a rua dos bares. O acesso a essa rua pode ser feito através de umas escadas que ligam as duas ruas, ou descendo até à Praça Ban Josip Jelačić e depois subindo pela rua certa.
Daqui seguimos para a Catedral de Zagreb, o edifício mais famoso da capital croata, dedicada à Assunção de Maria e a Sto. Estefano. Como já era de noite não a conseguímos entrar.
Entretanto já eram horas de jantar, pelo que seguimos novamente em direção a Tkalciceva e acabámos por ir ao restaurante La Štruk, muito perto do Mercado Dolac e famoso por um dos pratos típicos do norte de Zagreb: štrukli, uma espécie de gratinado. Provamos o de trufas e o de mel com nozes e este segundo era divinal. Foi um jantar de chorar por mais e o preço bastante acessível.
Terminámos a noite a passear pela zona e depois num dos bares da rua Tkalciceva.
Dia 2 - Zagreb e Zadar
Como na véspera não tivemos muito tempo para visitar a cidade, decidimos aproveitar a manhã para visitar novamente alguns dos locais que tinhamos visitado na véspera, mas agora durante o dia.
Obviamente que com esta mudança de planos, tivemos de abdicar de outros, entre eles, a passagem pelas praias perto de Zadar.
Acordámos bastante cedo e seguimos novamente para Strossmartre, mas agora subimos pelas escadas em vez de irmos pelo funicular. Durante o dia as vistas da cidade são igualmente deslumbrantes.
Daqui seguimos para o Mercado Dolac, que todas as manhãs abriga o mercado local, onde se vende imensa fruta, legumes, flores e até mesmo muito peixe. Ficámos bastante impressionados com a variedade de frutas e legumes e a forma como as tendas estavam organizadas.
Depois de sairmos do Mercado, passámos novamente pela Tkalciceva e entretanto regressámos ao apartamento para irmos buscar as nossas coisas e seguirmos viagem para Zadar. Não podíamos perder mais tempo ali senão ficávamos sem tempo para visitar Zadar e a viagem ainda durava cerca de 3h.
A viagem até Zadar foi bastante tranquila e quando estavamos quase a chegar fizemos um pequeno desvio para passarmos pela ponte Maslenički, famosa pelos saltos de Bungee Jumping e com umas vistas lindíssimas.
Zadar:
Ao entrarmos em Zadar, apanhámos um bocadinho de trânsito, mas felizmente não tivemos dificuldade em arranjar estacionamento mesmo ao lado do apartamento. Depois de deixarmos as nossas coisas fomos rapidamente fazer um almoço tardio no Harbor - Cookhouse & Club, que tirando a sua localização não vale grande a pena.
O centro histórico de Zadar está localizado numa pequena península. Mesmo pertinho do restaurante onde almoçamos, existe uma ponte pedonal que permite aceder a essa península, mas preferimos entrar na zona histórica pelo famoso Land Gate, o Portão da Cidade. O caminho até ao Land Gate é que foi um pouco estranho, passámos por alguns edifícios com muito mau aspecto e bastante degradados.
O Land Gate foi construído em 1543 e tem a forma de um arco de triunfo, com 2 entradas laterais. Esta é a entrada principal na Cidade Antiga, acessível através de uma pequena ponte.
Logo a seguir ao portão principal, virámos por umas escadinhas à direita e chegámos à Praça dos 5 Poços, conhecida como Trg 5 Bunara. Esta praça deve o seu nome aos 5 poços e cisterna que nela se encontram e que foram construídos pelos venezianos durante o século XVI, para ajudar os cidadãos a resistir ao cerco turco. Nesta praça ainda se encontra a Torre do Capitão, usada para vigilância e defesa da cidade contra os invasores.
Mesmo ao lado da praça encontra-se o Parque Queen Jelena Madijevka, de onde se tem uma excelente vista para o Land Gate.
Depois de sairmos do parque, seguimos pela rua em frente (a que tem uma coluna), em direção à Praça do Povo (Narodni Trg), que é o ponto de encontro da população da cidade. Aqui encontra-se a Câmara, do lado direito da praça e a Torre do Guarda em frente e um edifício de 1562 com um relógio.
Entre estas 2 praças, as casas são mais antigas, com ruas estreitas contendo inúmeros cafés onde os estudantes universitários se encontram regularmente.
A partir da Praça do Povo, seguimos pela rua pequenina ao lado da Torre do Guarda e ao fim de uns minutos chegámos ao Fórum Romano onde se encontra a Igreja de San Donato, um dos pontos de referência da cidade.
Esta igreja foi construída no século IX e é considerada o maior edifício pré-românico da Croácia. Mesmo por trás da Igreja, encontra-se a Catedral da Sta. Anastasia.
O Fórum Romano foi construído entre os séculos I e II d.C., em homenagem ao Imperador Augusto. Mais tarde, a maioria das pedras foram usadas para construir as muralhas e fortificações da cidade, e as Igrejas de San Donato e Sta. Anastasia foram construídas mesmo por cima.
Como consequência, restam vários vestígios das ruínas, com algumas peças ainda bem preservadas, como pedras, colunas, etc. É um autêntico museu ao ar livre e que pode ser visitado livremente.
Em torno da península de Zadar, junto ao mar, existe um passeio chamado Muraj. Aproveitámos para caminhar um bocadinho até chegarmos ao Órgão do Mar (Sea Organ), inaugurado em 2005. Este funciona com apitos e tubos colocados sob a água do mar que emitem sons com o bater das ondas. Aproveitámos para nos sentar um pouco nos degraus e absorver todas as melodias do Órgão.
Queríamos assistir ao por-do-sol mais fantástico do Mundo, mas ainda era cedo, pelo que fomos passear mais um pouco pela zona histórica.
Quando finalmente começou a anoitecer regressámos novamente ao Órgão do Mar e aguardámos pelo tão esperado por-do-sol. À medida que o sol se punha, o vento aumentava e as ondas iam ficando mais agitadas, intensificando o som do Órgão. A combinação desses sons, com as cores que ficavam no céu, à medida que o sol se punha no mar, tornaram este pôr-do-sol, num dos mais bonitos que eu assisti até hoje.
Quando ficou completamente de noite, dirigimo-nos para a Saudação ao Sol (Greeting to the Sun) que fica mesmo ao lado do Órgão do Mar. Este monumento consiste num mecanismo que armazena a energia do sol ao longo do dia, através das suas 300 placas de vidro com dispositivos fotovoltaicos.
À noite estas placas libertam a energia acumulada, através de luzes coloridas aleatórias. A energia armazenada é de tal ordem que é suficiente para alimentar as luzes do dispositivo, bem como todo o sistema de iluminação do cais ao redor. Vale a pena esperar que fique de noite pois só assim é que se consegue ver toda a beleza do mecanismo.
Como já eram horas de jantar dirigimo-nos para o Proto Food & More e à semelhança do que aconteceu na véspera em Zagreb, também adorámos este restaurante. A nossa ideia era comer um bife de atum com sementes de sésamo, mas vimos mal na ementa e acabámos por pedir atum Pašticada, um prato tradicional da Dalmacia em que o atum é cozinhado muito lentamente (podendo chegar a 3 dias). É preparado com um molho bem grosso à base de vinho e normalmente servido com nhoque. Foi uma autêntica delicia e ainda bem que pedimos este prato.
Dia 3 - Split
Após um rápido pequeno-almoço no apartamento, seguimos viagem para Split. No caminho, podíamos ter optado por seguir ao longo da costa, mas a viagem iria demorar muito mais, pelo que preferimos fazer apenas o troço até Biograd na Moru. Sinceramente, acho que foi o melhor, pois não achámos que o percurso ao longo da costa valha o tempo que se perde.
No caminho, passámos pela ponte Most Krka que atravessa o Parque Nacional Krka e decidimos parar na área de serviço para comer qualquer coisa e apreciar as vistas deslumbrantes deste lugar.
Para visitar o parque, o ideal é ir até Skradin, uma vila pequenina e apanhar um dos barcos para o parque. Este parque é o 2º parque natural mais importante e visitado na Croácia, famoso pelas magníficas quedas de água. Ainda chegou a estar nos nossos planos, mas por falta de tempo e como já iriamos aos Lagos de Plitvice, optámos por não visitar.
Entretanto continuámos a viagem para Split, de onde partem imensos barcos para algumas das ilhas mais espetaculares do Adriático como Hvar, Brac, Vis, Korcula, etc. Nesse mesmo dia à noite, iríamos apanhar o ferry para Hvar e ainda queríamos visitar um pouco de Split.
Quando chegámos a Split já passava da hora de almoço e o trânsito estava caótico. Acabámos por estacionar no parque junto à Riva, mesmo na zona mais importante de Split. Almoçámos rapidamente uma sandes cada um e depois fomos procurar outro parque de estacionamento, que não fosse tão caro e que ficasse mais próximo do cais de embarque para Hvar. Acabámos por estacionar no Parking Split, praticamente em frente ao cais de embarque e junto à estação de comboios de Split.
Entretanto regressámos a pé ao centro histórico de Split e começámos a nossa visita ao Palácio de Diocleciano. Ao contrário do que se possa pensar, o Palácio não é um museu fechado, mas sim o centro da cidade de Split, com ruas labirínticas, igrejas, restaurantes, habitações próprias, hotéis, etc. É praticamente um bairro dentro de muralhas, com 900m de perímetro, muralhas com 25m de altura, 16 torres de vigilância e que foi construído para ser a Residência Imperial do imperador Diocleciano. Na parte da frente ficavam os aposentos do imperador e da sua família e na parte de trás as instalações militares.
A entrada no Palácio é gratuita e pode ser feita através de 4 portas:
- Golden Gate – Porta Aurea (Ouro) localizada a norte.
- Silver Gate – Porta Argentea (Prata) localizada a este.
- Brass Gate – Porta Aenea (Bronze) localizada a sul junto à Riva.
- Iron Gate – Porta Ferrea (Ferro) localizada a oeste.
Incialmente o palácio tinha acesso direto para o mar, para que o imperador acedesse rapidamente ao seu navio a partir dos seus aposentos. Esse acesso era feito através da Porta Aenea, que é muito mais simples do que as outras. Atualmente o mar já não chega perto das muralhas.
Decidimos começar a nossa visita pelas Caves (Dioklecijanovi Podrumi), localizadas mesmo ao lado da Porta Aenea. Estas são compostas por salas subterrâneas com paredes altíssimas e muito bem conservadas e onde atualmente existem imensas lojinhas.
Curiosidade: Foi aqui que foram gravadas as cenas relacionadas com a prisão do dragões de Daenerys Targaryen, na série Game of Thrones.
Depois de atravessarmos as caves, entrámos diretamente no Peristilo, um grande pátio rectangular rodeado de arcadas em granito vermelho e mármore, onde se encontra a Catedral de São Dômnio, criada inicialmente para ser o mausoléu de Diocleciano. Ainda neste pátio é possível ver a Esfinge Peristil, em granito preto, datada do sec.XV.
O Imperador Diocleciano era completamente inimigo dos Cristãos, por isso a atual Catedral só se passou a chamar Catedral após a invasão dos cristãos e quando estes deitaram ao mar os seus restos mortais.
Mesmo ao lado da Catedral encontra-se a Torre do Sino, emblema de Split, com cerca de 360 graus e cuja subida é provável que valha a pena, mas não subímos.
A Torre está "guardada" por dois leões esculpidos em pedra e é bem mais recente do que o resto do Palácio, pois só foi construída no séc. XII.
A entrada no Palácio é gratuita, mas para entrar nos vários edifícios, é preciso bilhete. Existem bilhetes individuais ou um que permite o acesso ao interior Catedral, Sala do Tesouro (onde estão os manuscritos antigos, roupas e relíquias), Torre do Sino, Cripta de Santa Lucia (mesmo por baixo da catedral) e ao Templo de Júpiter.
Por trás da Catedral encontra-se a Porta Argentea, com a qual fiquei bastante desiludida, pois estava completamente apinhada de tendas de vendedores, estragando completamente a beleza da porta.
Caminhar pelas várias ruas do palácio, é uma verdadeira viagem na história. Toda a área conta com uma grande variedade de ruas, praças, restaurantes, bares, lojas, etc.
Entretanto chegámos à Porta Aurea (Portão de Ouro), a norte do Palácio. Atravessámos a Porta e demos logo com a imponente estátua de Gregory of Nin (Grgur Ninski), o famoso escultor croata Ivan Meštrović, considerada um dos símbolos de Split. Dizem que esfregar o dedo do pé esquerdo traz sorte e faz com que a pessoa regresse à cidade.
A poucos metros da estátua, encontram-se as ruínas da igreja de São Bento e a Capela de Arnir, datada do sec. XV.
Entretanto voltámos a entrar dentro das muralhar e depois de caminharmos um bocadinho fomos dar à Porta Ferrea (Željezna Vrata), que dá acesso à Praça Pública Narodni, também conhecida como Praça de St. Lorenzo ou do Povo, uma praça com uma grande dinâmica e com vários restaurantes e cafés.
Nesta praça é possível ver o Palácio Nakic e o Palácio dos Nobres Cipriani Benedetti, a Torre do Relógio, a Torre do Sino, uma antiga loja de livros e o antigo prédio do Município que atualmente funciona como Museu Etnografico.
O relógio que se encontra na Torre do Relógio é bastante curioso pois possui 24 números Romanos em vez dos tradicionais 12.
Voltámos a entrar nas muralhas e ao fim de poucos minutos chegámos ao Templo de Júpiter (Jupiterov hram), protegido por uma esfinge preta sem cabeça, representando o que o imperador Diocleciano fazia aos cristãos.
Dentro do Templo, também conhecido como batistério de João Batista, encontra-se a estátua de São João, feita pelo artista croata Ivan Meštrović, o mesmo autor da estátua de Gregório de Nin.
Entretanto saímos novamente para a Riva e fomos à procura de um restaurante. A nossa ideia era jantar bastante cedo para irmos para a fila do transfer.
Comemos uma sopa de peixe e um peixe grelhado e sinceramente foi a nossa pior refeição na Croácia.
Depois de jantar, fomos buscar o carro e colocámo-nos na fila para apanhar o ferry Jadrolinija para a ilha de Hvar. A viagem foi tranquila e chegámos ao porto de Stari Grad, na ilha de Hvar, por volta das 22:30. Depois de sairmos do ferry, ainda tivemos de fazer uma viagem de cerca de 20 minutos até perto do Porto de Hvar, onde iríamos ficar alojados.
Hvar
No primeiro dia em Hvar, acordámos relativamente cedo para fazermos compras num supermercado local. Como ficámos num apartamento podíamos fazer várias refeições em casa e queríamos aproveitar ao máximo essa vantagem.
O apartamento ficava relativamente perto da praia Hula Hula e do Hotel Amfora, por isso, assim que terminámos as compras fomos logo investigar as praias das redondezas. As praias (se é que podem ser chamadas de praia), não têm areia, mas são bastante bonitas e a temperatura da água compensa bem esse inconveniente. Como levámos calçado adequado para andar na praia e dentro de água, não tivemos problema nenhum.
Junto à beira-mar existe um caminho que permite fazer caminhadas e aceder às várias mini-praias, inclusive à principal cidade da ilha (Hvar Old Town), com o seu famoso Porto, onde estão ancorados todo o tipo de iates de luxo.
Hvar é uma pequena cidade com ruelas de mármore totalmente pedestres envoltas em muralhas do século XIII e pouco mais de 4.500 habitantes. Na praça principal encontra-se a Catedral de Santo Estevão com um campanário do século XVII e um estaleiro que já foi usado para construir embarcações de guerra.
A ilha de Hvar é lindíssima e é considerada por muitos como a "ilha das festas", bastante animada, com festas ao pôr do sol, uma discoteca numa ilha privada, etc., no entanto está na dose certa, pois durante o dia permite desfrutar do silêncio e sossego das praias semi-desertas e à noite é possível passar um bom bocado num bar.
Durante os dias que aqui estivemos fomos variando de praia para praia, consoante o vento e o sol e fizemos imensas caminhadas e algum exercício no Calisthenics Park, que fica no caminho à beira-mar, mesmo em frente à praia Bonj 'les bains.
Num dos dias, ao final do dia, o tempo começou a piorar um pouco, por isso decidimos ir passear para o Porto de Hvar. Caminhámos pelas ruas lindíssimas da cidade e descobrimos o Nonica Caffe Bar, onde se comem uns cookies divinais.
Entretanto ainda tivemos tempo para subir a escadaria que nos levaria ao Forte de Spanjola / Fortica, localizado a 90m a cima da cidade.
Já no Forte, as vistas para as Ilhas Pakleni (ilhas do Inferno) são deslumbrantes. Como estava bastante vento e algumas nuvens no céu, o segurança deixou-nos voltar noutro dia, com o mesmo bilhete.
Além do Fortica, um pouco mais afastado da cidade, encontra-se o Forte Napoleon, construído pelo Imperador Napoleão e que se encontra a mais de 200m acima do nível do mar.
Nesse dia jantámos no Konoba Menego, onde a comida nos deslumbrou desde o início até ao fim. Vale mesmo a pena, mas é preciso chegar muito cedo ou aguardar algum tempo por uma mesa.
No dia seguinte, como o tempo não melhorou, decidimos pegar no carro e visitar outras praias mais afastadas. Começamos por Milna, bastante perto de Hvar e com um parque de campismo ao lado. A água do mar é cristalina e bastante calma e a praia tem à disposição bares, cadeiras, espreguiçadeiras, etc. No entanto, apesar de todas estas condições, estava um pouco deserta, talvez por ainda ser cedo.
Demos um mergulho, aproveitamos para apanhar um bocadinho de sol e depois seguimos para Zarace.
Um pouco antes de virarmos para a praia de Zarace, virámos à direita e descobrimos uma baia incrível de cor azul que nos deslumbrou completamente. Do alto de uma escarpa rochosa as vistas para esta baía eram mesmo deslumbrantes.
Depois de uns mergulhos nas águas transparentes, seguimos finalmente para a praia de Zarace, uma praia pequena, com algumas casinhas no caminho e um restaurante simples mesmo à frente da praia. Decidimos almoçar uma simples grelhada mista no restaurante e apreciar calmamente as vistas da esplanada.
De tarde seguimos em direcção a Stari Grad e no caminho parámos junto à placa a indicar a praia de Dubovika. Pela quantidade de carros estacionados na beira da estrada, não nos foi difícil encontrar o início do trilho pedonal para aceder à praia. O trilho é bastante íngreme e um pouco desconfortável, mas mesmo assim, a praia estava cheia. A praia possui um bar/restaurante mesmo em cima da areia, mas como já tinhamos almoçado não chegámos a experimentar.
A praia é lindíssima, com a água do mar cristalina e calma, cuja cor contrasta com a cor das árvores e da areia. Decidimos passar aqui a tarde, mas ao fim de umas horas a sombra começou a bater na areia e rapidamente ficámos sem sol. Decidimos então seguir a viagem para Stari Grad, uma das cidades mais antigas da Croácia, dominada no passado por gregos e romanos.
No caminho, passámos pela Planície de Stari Grad, classificada pela UNESCO como Património Cultural e Natural da Humanidade e que preserva a atividade agrícola, o sistema geométrico e o parcelamento de terras usado pelos gregos no século IV a.c. Quase que nos passava completamente despercebido, pois parece um amontado de pedras ao acaso.
Já em Stari Grad, apercebemo-nos que a arquitetura das casas e ruas é muito similar à de Hvar, com as casas em pedra e madeira colorida, tudo muito limpo e arranjado. Pelas ruas encontram-se imensas lojas de comércio local e restaurantes muito agradáveis, no entanto decidimos regressar a Hvar pois tinhamos planos para jantar.
Como o tempo começou a melhorar, passámos novamente no Forte de Spanjola para apreciar o pôr-do-sol com céu limpo e sem nuvens.
Ao final do dia jantámos no Lola street food & bar, outro local que recomendo. Antes de terminar a noite ainda passámos novamente no Nonica Caffe Bar, para matar saudades dos cookies de manteiga de amendoim.
Dia 9 - Hvar/Lagos Plitvice
Depois de uns dias em Hvar, estava na hora de regressar ao continente. O nosso ferry para Split partia por volta das 11:30, por isso apenas tivemos tempo de tomar um pequeno-almoço reforçado num café perto e seguimos viagem para Stari Grad. Durante a viagem no ferry, tentámos dormitar um pouco mas havia muita gente a falar alto e os sofás eram desconfortáveis.
Já em Split, seguimos viagem para Norte, fazendo parte do caminho que tínhamos feito uns dias antes. Ao fim de umas horas de viagem, as paisagens começaram a mudar imenso, pincipalmente pela proximidade das montanhas Velebit, a maior cadeia de montanhas da Croácia, com cerca de 145 km de comprimento e que dominam completamente a paisagem. À medida que seguíamos, o tempo começou a arrefecer bastante e parecia mesmo que estavamos a entrar num país completamente diferente.
Quando chegámos ao Hotel, a cerca de 10km dos lagos de Plitvice, chovia e estavam cerca de 5º.
Nesse dia jantámos no próprio hotel e na manhã seguinte acordámos bem cedo para termos tempo de visitar os lagos.
Lagos de Plitvice
Nada que eu escreva ou diga chega para explicar o que senti durante este dia. A beleza de todo o espaço é cativante e mesmo estando a abarrotar de turistas conseguimos encontrar muita paz neste espaço. Para mim, o paraíso devia ser assim e espero poder voltar lá um dia e que continue tudo igual (ou melhor).
Apesar de existirem meios de transporte para lá, decidimos ir de carro, pois o recinto é muito grande e de uma beleza inigualável, que não dá para se estar limitado aos horários dos autocarros.
O recinto possui 2 parques de estacionamento, o número 1 que fica a norte e o 2 que fica mais para sul. Quem for para o nº1 começa pelos lagos inferiores e ao longo do dia vai subindo até aos lagos superiores. Quem entrar pelo nº2 faz o percurso inverso.
Como optámos por começar pelos lagos superiores, estacionámos no parque nº2 e dirigimo-nos a um dos balcões para comprar bilhetes. O parque tinha 2 balcões abertos, um com uma fila enorme e outro, um pouco mais afastado, que não tinha quase fila nenhuma. Optámos pelo balcão com menos gente e até hoje não percebo porque é que as pessoas iam todas para o mesmo balcão.
Logo à entrada, existe um mapa que mostra como o parque está dividido: os Lagos Superiores (doze lagos) e os Lagos Inferiores (quatro lagos). Este mapa também assinala os vários trilhos existentes e que podem durar entre 2 a 8 horas. São Kms e Kms de uma beleza sem igual.
Escolhemos o percurso que começava com uma pequena viagem de bus até ao ponto principal onde começava o percurso pelos lagos superiores. A partir daí, iniciámos a nossa caminhada por dentro da floresta e começou o nosso deslumbramento com paisagens de tirar o fôlego. Passámos por diversos passadiços de madeira que atravessam os lagos com diferentes tons de azul e verde. As águas são completamente cristalinas e olhando para o fundo conseguem-se ver perfeitamente os peixinhos, plantas aquáticas, troncos com musgo, etc.
Finalmente chegámos ao maior lago do parque e que pode ser atravessado de barco ou a pé ao longo das suas margens. Como este lago não é tão belo como os outros e o percurso a pé à sua volta ainda demorava uma hora ou mais, preferímos atravessar de barco. Fomos então do P2 para o P3, onde há alguns restaurantes e casas de banho. Aproveitámos para almoçar um naco gigante de frango de churrasco, que estava uma delícia e não era muito caro.
Entretanto recomeçámos a nossa caminhada, desta vez pelos lagos inferiores. Há quem diga que estes são mais bonitos do que os superiores, sinceramente, adorei os 2 lados do parque e não consigo dizer qual gostei mais. Talvez porque começámos pelos superiores ainda cedo, com muito menos gente, tenhamos sentido uma grande paz e apreciado a beleza daqueles lagos. Quando chegámos aos inferiores, já era de tarde e os passadiços estavam completamente apinhados de gente a fazer muito barulho e tirar fotos em todo o lado.
No extremo dos lagos inferiores encontra-se a queda de água mais alta de toda a Croácia, a Veliki Slap, que significa "grande queda de água". Aqui, o rio Plitvice cai de uns impressionantes 78 metros de altura e junta-se à massa de água que vem dos lagos, para formar o rio Korana.
Quando chegámos a Veliki Slap, esta já estava à sombra, por isso, perdemos grande parte do deslumbramento da cascata.
Entretanto decidimos sair do parque por uma 3ª saída que não é tão conhecida. As melhores vistas para os lagos inferiores não ficam dentro do parque mas sim de fora, a partir do mirador Vidikovac, que não é muito conhecido e como tal não tem muitos turistas.
Para isso subimos pelas escadas ao lado da cascata, seguimos até às coordenadas 44.901375, 15.608549 e a partir daqui seguimos pela estrada. Logo a seguir a atravessarmos uma pequena ponte de madeira virámos à direita para um pequeno trilho e que nos levou diretamente ao mirador (44.9035470,15.6085900) e de onde se consegue tirar a foto clássica e típica dos lagos.
Como já estava a dar muita sombra sobre os lagos, decidímos regressar aqui no dia seguinte. Para entrar no parque não é preciso mostrar bilhete nenhum, apenas para andar no barco ou de autocarro, por isso no dia seguinte decidimos vir directos a este mirador e depois descer para vermos novamente os lagos inferiores, com menos gente e com o sol a incidir diretamente na água cristalina.
Sem qualquer dúvida, este é o local mais bonito que eu alguma vez visitei e que recomendo a toda a gente.
Entretanto regressámos a Zagreb e ao final do dia apanhámos o voo de regresso a Portugal. Foram das melhores férias que tivemos até à data e a Croácia ficará para sempre na nossa memória e como destino para umas próximas férias.di